Reconfiguração do saber organizacional: o caso dos teletrabalhadores durante o isolamento em Córdoba, Argentina

Resumo

A posição epistêmico-ontológica a que aderimos entende o significante não como simples ferramenta de uso, mas, ao contrário, como elemento constitutivo de subjetividades e organizações. A noção de seres falantes é essencialmente sustentada pela atribuição, pertencimento e articulação ao sistema de signos que configura o espaço social numa perspectiva macro. Nessa linha, consideramos o trabalho como um dispositivo de produção de subjetividades, entendendo que a noção de subjetividade é estruturada situacionalmente; é por isso que cada etapa da história gera modos de produção únicos. É um processo permanente que ocorre na interação entre o social e o subjetivo. A intenção desta pesquisa foi tornar visíveis os processos de subjetivação presentes nas novas organizações de trabalho impostas pela situação de saúde da COVID-19, que nos propusemos a ler na transversalidade das categorias de tempo e espaço. Tomamos a categoria de “subjetividades plusmodernas” para sintetizar os processos de articulação subjetiva diante dos discursos sociais em geral e da neo-management em particular, cujos elementos organizadores e significantes se caracterizam pela indefinição de limites, pelo não reconhecimento da falta e pela primazia do gozo do superego tendendo a sobrecarregar e consumir o sujeito. Para isso, foi realizado um estudo qualitativo de análise de discurso, por meio de entrevistas semiestruturadas, utilizando dimensões de observação estabelecidas a partir do referencial da pesquisa anterior e das categorias conceituais introduzidas neste artigo. A seleção dos participantes foi realizada por meio de amostragem não probabilística intencional. A amostra foi composta por 10 pessoas que trabalhavam em tempo integral em organizações de Córdoba, Argentina.